terça-feira, 24 de julho de 2007

Escola de estupidez e estupidez d'escolada

A "casa-dos-homens" existe. Ponto. O patriarcado existe. Ponto. Refutar a existência do patriarcado a partir do "corpus" do conhe'cimento androcêntrico, coisa que à academia akademente uniNversitária, objetiva, neutra, imparcial, elegante, pós-moderna e pós-tudo tanto motiva e interessa, cai muito bem para "gigolôs de títulos".

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Para Welzer-Lang (1994) a homofobia é, de fato, a interiorização do sexismo nas relações com os outros: erige fronteiras distintas e estanques entre os gêneros, organiza a discriminação face àqueles que escapam às imagens estereotipadas que se constroem sobre os gêneros, sobretudo quando se pensa que eles, gêneros, são imutáveis. Toma formas diferentes segundo seja praticada em relação a homens ou a mulheres. Nas sociedades onde homens, tanto coletivamente quanto individualmente, dominam as mulheres, o sexismo organiza a dominação das mulheres e a homofobia vem selar a coesão entre os dominantes. Tanto o sexismo quanto a homofobia estruturam o medo de abandonar as atribuições de seu grupo sexual. Para Welzer-Lang (2001) o grupo dos homens é socializado por diferentes estratégias, consideradas “necessárias”. Introduzidos, a partir de certa etapa de vida, na “casa-dos-homens” – expressão de Godelier para se referir às instituições monossexuadas em que as mulheres são excluídas e em que se aprende (ou se reafirmam) os valores da virilidade dominante e os “segredos” que só os iniciados partilham – homens aprendem a dominar, a desprezar os que não acedem a tais espaços e a exercer violência entre si, geralmente sobre os jovens recém-admitidos, até que estes possam provar, pela misoginia e pela homofobia, que também eles fazem parte dos eleitos – como os mais velhos – detentores dos emblemas de virilidade triunfante. Tais instituições – as academias militares, o colégio interno não-misto, o bar, o time de futebol, as torcidas organizadas ... – servem para ritualizar a entrada e a passagem em direção à aceitação. Acedem os que são viris, mas, segundo Welzer-Lang (2001), com altos custos: através de estratégias prévias impondo humilhações, desqualificação intra-gêneros. Antes de auferir o gozo que tal lugar lhes confere, houve previamente sofrimento psíquico e físico. Segundo tal perspectiva, a socialização masculina é marcada pela violência e marcará os psiquismos.

Karin Ellen von Smigay @ Sexismo, homofobia e outras expressões correlatas de violência: desafios para a psicologia política (PDF)

Concreto armado do patriarcado

Na verdade, a partir da família, o poder patriarcal estende seus tentáculos para todo o tecido social e, ele mesmo, não é completa e principalmente determinado no âmbito das relações familiares. O patriarcado é uma relação civil cujo padrão hierárquico está presente em todas as relações e instituições sociais, que se amplifica para o modo como as pessoas vivem sua corporeidade, que se sustenta com base na coerção e no convencimento ideológico e que, por tudo isso, deve possuir uma base material concreta, sem a qual tal poder seria impraticável (Saffioti, 2004; Aguiar, 1997). Qual, então, a base material do patriarcado? Como essa base possibilita a sua manutenção ao longo do tempo histórico sobrevivendo a diferentes modos de produção do passado e do presente[1]?


(Os pólos opostos e complementares, masculino e feminino, e seus indicadores biopsicossociais, são determinados, em última instância, pelas relações econômicas vigentes num determinado modo de produção e por instâncias intermediárias que funcionam como meios de realização da influência econômica e, inversamente, em formas de condicionamento histórico do desenvolvimento das relações de produção e das forças produtivas)

... omissis ...

A figura mostra que sobre a base das interações cotidianas entre homens e mulheres, fundamentais para garantirem a produção e reprodução da vida e dos indivíduos, erguem-se as instâncias nas quais se vive o cotidiano, numa ordem hierárquica, em que o mais imediato – as instâncias mediadoras da família, da classe social, da etnia, das opções políticas e da ideologia –, é sobre-determinado pela instância mais afastada – as relações econômicas que formam a estrutura de uma determinada formação econômica e social.

Milton Barbosa de Almeida Filho @ Pequena Contribuição Metodológica ao Feminismo Emancipacionista (parte 2)

UniNversidade Androcêntrica

O caráter androcêntrico do conhecimento científico pode ser analisado em duas vertentes: a excludente e a inclusiva. A primeira estabelece-se historicamente ao negar-se o acesso à produção, circulação e apropriação do conhecimento científico por parte da metade da humanidade: as mulheres. A segunda vertente, o androcentrismo inclusivo, manifesta-se a partir da incorporação das mulheres nos espaços de produção, circulação e apropriação do conhecimento científico (principalmente na academia), permanecendo, no entanto, a omissão com respeito à condição sexuada do/a sujeito que constrói o conhecimento e das mulheres como objeto de estudo, ou seja, desconhecendo o enfoque de gênero no conteúdo e na metodologia da produção científica.

Silvia Cristina Yannoulas, Adriana Lucila Vallejos e Zulma Viviana Lenarduzzi @ Feminismo e Academia (PDF)