terça-feira, 24 de julho de 2007

Concreto armado do patriarcado

Na verdade, a partir da família, o poder patriarcal estende seus tentáculos para todo o tecido social e, ele mesmo, não é completa e principalmente determinado no âmbito das relações familiares. O patriarcado é uma relação civil cujo padrão hierárquico está presente em todas as relações e instituições sociais, que se amplifica para o modo como as pessoas vivem sua corporeidade, que se sustenta com base na coerção e no convencimento ideológico e que, por tudo isso, deve possuir uma base material concreta, sem a qual tal poder seria impraticável (Saffioti, 2004; Aguiar, 1997). Qual, então, a base material do patriarcado? Como essa base possibilita a sua manutenção ao longo do tempo histórico sobrevivendo a diferentes modos de produção do passado e do presente[1]?


(Os pólos opostos e complementares, masculino e feminino, e seus indicadores biopsicossociais, são determinados, em última instância, pelas relações econômicas vigentes num determinado modo de produção e por instâncias intermediárias que funcionam como meios de realização da influência econômica e, inversamente, em formas de condicionamento histórico do desenvolvimento das relações de produção e das forças produtivas)

... omissis ...

A figura mostra que sobre a base das interações cotidianas entre homens e mulheres, fundamentais para garantirem a produção e reprodução da vida e dos indivíduos, erguem-se as instâncias nas quais se vive o cotidiano, numa ordem hierárquica, em que o mais imediato – as instâncias mediadoras da família, da classe social, da etnia, das opções políticas e da ideologia –, é sobre-determinado pela instância mais afastada – as relações econômicas que formam a estrutura de uma determinada formação econômica e social.

Milton Barbosa de Almeida Filho @ Pequena Contribuição Metodológica ao Feminismo Emancipacionista (parte 2)

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