quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Tropas e Elites do Patriotimesmo

Século 21, e não há patriotimismo que pareça excessivo! Mais de 20 anos antes da virada do século cristianimoso, no tempo da televisão ainda móvel de casa, com porta qual armário, uma série de tv vendia aos melhores lares a idéia de uma estação lunar para 1999 e outra a idéia de uma mulher biônica para já ("nós temos a tecnologia"). Quem diria que virado o século cristianimoso seria o enlatado de JequeBauer (24 horas) que de tanto sucesso acabaria como !disciplina anti-terrorista! no currículo de Direito na Universidade de Georgetown, a mesma academia euática de Bill Clinton, aquele que não sabia da relação entre felação e sexo? Quem diria?! Quem diria também que, entrado o 21º século cristianimoso, o elitismo triunfaria como se fosse encerrar mesmo a história, e a insuportável "teoria das elites" prevaleceria finalmente, ao ponto do maior sucesso de brilheteria brasileiro, celebrado na capa da prestidigitosa revista Veja, ser Tropa de Elite. O direitor deveria completar filmando TroCa de Elite, afundado na obra secularmente caduca de Vilfrido Pareto, e oferecer o pacote, numa atitude exportante, como filmografia indispensável aos (dis)cursos jurídicos no Brasil --troca de elite é bonito de se ver, troca um, troca geral, também vai trocar você. Demorô!


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A Educação Física, sendo esta filha do liberalismo, explanou suas regras para os esportes modernos, surgidos na Inglaterra: das oportunidades a todos de vencer e perder pelo seu próprio esforço; do positivismo absorveu a concepção do homem formado pelas características genéticas e hereditárias, e que precisa ser "adestrado" (Soares, 1994).

Em meados de 1800 foram criadas diferentes formas de encarar os exercícios físicos, provindos dos países mais desenvolvidos e que depois se espalharam pelo resto do mundo, inclusive no Brasil. A ginástica passa a ter papel científico, desempenhando importantes funções na sociedade industrial...

Um quadro de "planejamento familiar", foi imposto no Brasil e tinha por objetivo propiciar nascimentos de "bons exemplares da espécie"; a mulher tinha atenção especial, assim como foi citado no início do trabalho, com a diferença que no caso brasileiro seu papel não era "recuperar" seus maridos, e assim gerar filhos robustos e saudáveis... A formação física da mulher abrangia trabalhos manuais, jogos infantis, ginástica educativa e os esportes menos violentos; no caso das mulheres, as medidas eugênicas visavam à construção de um corpo capaz de suportar a tarefa de reprodução. Pode-se concluir que a educação física, para muitos, é tida como elemento de educação eugênica (Soares, 1994).

A escola passou a ser espaço de homogeneização, por resultados de fichas médicas, pedagógicas, testes psicológicos e de escolaridade...


Mitos e gêneros nos meandros da Educação Física
Myths and genders in the meanders of the Physical Education
Leandro Ferraz



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Debaixo de uma árvore gigantesca o pessoal observa a macaca com a cria nas costas, a mirar o galho de outra árvore, como se fosse saltar e calculasse a distância. Ela se prepara para saltar. A distância parece impossível, o pessoal com o coração na mão, segurando o fôlego. De repente ela salta, praticamente voa... e alcança em segurança numa manobra precisa de elite o outro galho. O pessoal suspira e se pergunta "que macaca é essa", "onde terá sido treinada". Alguém diz que ela deve ter sido treinada pelo B.A.T.E (Batalhão AeroEXtático de Tropas Essenciais), outra pessoa sugere que ela foi treinada pelo C.O.R.R.A. (Comando Regional de Reconhecimento e Assalto). Mas que aquela macaca era de elite, muito bem treinada, disso não havia dúvida.

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Contra Todas as Formas de Opressão

"... feministas de todas as cores desafiaram as feministas brancas a juntar-se a elas de modo a remodelar o feminismo como uma teoria e prática capaz de conceituar os laços que ligam entre si as opressões de classe, raça, etnia e gênero, todas elas determinantes para a identidade e a vida da mulher. Elas também redefinem "a luta pela libertação da mulher, como parte de uma luta contra todas as formas de opressão"[10] Tal reconceituação da teoria e prática feministas, busca fazer com que as diferentes experiências das mulheres(wo/men) quanto a uma opressão de múltiplas faces em crescimento, se tornem o eixo central de todos os discursos feministas. Busca mover-se de uma rejeição a uma "política de identidade" para uma política de luta global.

Em geral as feministas têm entendido o patriarcado como a dominação do homem sobre a mulher. Contudo, a teoria feminista usualmente não restringe o significado do termo ao poder do pai sobre seu grupo familiar, como é o caso da teoria social. Ao invés disso, o conceito é desenvolvido como um método para identificar e desafiar as estruturas sociais e ideologias que permitiram aos homens dominar e explorar as mulheres, ao longo de toda a história registrada. Enquanto hoje algumas teóricas feministas rejeitam o patriarcado como não histórico, e como um conceito universal e totalizante, muitas outras o utilizam como chave teórica para explicar a criação e manutenção do poder masculino sexual, social, político e ideológico sobre as mulheres.

Pelo fato da noção do patriarcado ser costumeiramente definida em termos da dualidade do construto de gênero macho/fêmea, a exploração e a vitimização sobre a base do gênero e sexo tornam-se a opressão primária. Conseqüentemente teorias feministas de gênero sustentam que a diferença entre homem/mulher é a mais básica e essencial diferença da humanidade. Nesta visão a diferença entre homens e mulheres é a origem e a base de todas as outras divisões-sejam elas econômicas, culturais, de raça, religião, nacionalidade ou idade. O sistema patriarcal é definido como dominação do homem e exclusão da mulher da política, cultura, história e religião. A dominação patriarcal tem sido onipresente, atravessando totalmente o tempo e o espaço. As mulheres não são somente os objetos e vítimas das regras masculinas, mas também agentes complacentes na medida em que elas têm sacrificado seu próprio interesse em prol do desejo de viver pelo bem estar dos homens."

Elisabeth Schüssler-Fiorenza, Deus (G*d) trabalha em meio a nós. De uma Política de Identidade para uma Política de Luta, traduzido por Neusa Steiner @ Revista de Estudos da Religião - REVER

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Posted by Uac to AntiPatriarcado at 3/05/2006 02:57:00 PM
CONEXÃO ENTRE VIOLÊNCIA CONTRA ANIMAIS E VIOLÊNCIA CONTRA PESSOAS. A DOMINAÇÃO DE ANIMAIS E MULHERES PELO HOMEM COMO SE FOSSEM COISAS APROPRIÁVEIS, ASSIM COMO O EMPREGO DE VIOLÊNCIA SISTEMÁTICA CONTRA ANIMAIS E CONTRA MULHERES SOB A ÓTICA DA DOMINAÇÃO TÊM A MESMA BASE RELIGIOSA.



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Albert de Salvo (O Estrangulador de Boston): Assassinou 13 mulheres. Prendia cães e gatos em jaulas para depois atirar flechas neles.

David R. Davis: Assassinou a esposa para receber o seguro. Matou poneys, jogava garrafas em gatinhos, caçava...

Edward Kemperer: Matou os avós, a mãe e sete mulheres. Cortou dois gatos em pedacinhos.

Henry L. Lucas: Matou a mãe, a companheira... Matava animais e fazia sexo com os cadáveres.

Jack Bassenti: Estuprou e matou três mulheres. Quando sua cadela deu cria enterrou os filhotes vivos.

Johnny Rieken: Assassino de Christina Nytsch e Ulrike Everts. Matava cães, gatos e outros animais...

Luke Woodham: Aos 16 anos esfaqueou a mãe e matou duas adolescentes. Incendiou seu próprio cachorro despejando um líquido inflamável na garganta e pondo fogo por fora e por dentro ao mesmo tempo.

Peter Kurten (O Monstro de Düsseldorf): Matou ou tentou matar mais de 50 homens, mulheres e crianças. Torturava cães e fazia sexo com eles, enquanto os matava.

Randy Roth: Matou duas esposas e tentou matar a terceira. Passou um esmeril elétrico em um sapo e amarrou um gato ao motor de um carro.

Richard A. Davis: Assassinou uma criança de doze anos. Incendiava gatos.

Rolf Diesterweg: O assassino de Kim Kerkowe e Sylke Meyer. Na juventude matava lebres, gatos e outros animais.

Theodore R. Bundy: Matou 33 mulheres. Presenciava o avô sendo cruel com os animais.

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Felinos são geralmente vistos como furtivos ou indiferentes... Pessoas que torturam animais vitimizam gatos muito mais freqüentemente do que cães. E porque há uma associação entre felinos e mulheres, homens que são violentos contra mulheres geralmente abusam de gatos também.

-> Estudos Relacionam Violência a Agressões Contra Animais
http://www.pea.org.br/curiosidades/textos/estudo_01.htm

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Posted by Uac to AntiPatriarcado at 9/12/2006 10:48:00 AM

O Suicidio do Machista Feminicida

O homem que mata a companheira e depois se mata, por que se mata?

A explicação comum para o fato seria a de que o faz por receio, para escapar à condenação social. Andres Monteiro Gomez, da Sociedade Espanhola de Psicologia da Violência, aponta a ingenuidade dessa interpretação: El común de los agresores no tiene demasiado reparo por la sanción social. Consideran que la sociedad les va a recriminar su conducta porque no les comprende, que la violencia es algo que han tenido que utilizar...".

A morte da companheira é o penúltimo ato da vida dele porque essa vida está existencialmente apostada no domínio traumático de uma mulher no relacionamento, mulher de que ele se sente dono, através de violência sistemática. Não é a companheira que se torna o centro da vida dele, mas a própria relação fetichista sado-fascista de dominação. O machismo progredido sem paro nem reparo, que na escalada prolongada da violência sistemática num relacionamento o leva a matar a companheira, também pode fazer com que se mate depois. A relação de dominação, cultivada longamente, perdeu o objeto, a vida do dominador perdeu o sentido.

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"Casi todos los agresores matan a la mujer después de que ella haya decidido abandonarles. Es la pérdida de control lo que precipita el asesinato, y también el suicidio posterior. En violencias sistemáticas, el agresor machista ha construido su universo vital prácticamente alrededor de la dominación traumática de una mujer. Cuando es prolongado, el sometimiento de otro ser humano acaba convirtiéndose en el centro de la vida del agresor, es el referente que le otorga significado primordial a su existencia. Cuando desaparece ese centro, la vida pierde sentido para el torturador."

El suicidio machista @ Red Feminista

Posted by Uac to AntiPatriarcado at 9/12/2006 10:48:00 AM

terça-feira, 24 de julho de 2007

Escola de estupidez e estupidez d'escolada

A "casa-dos-homens" existe. Ponto. O patriarcado existe. Ponto. Refutar a existência do patriarcado a partir do "corpus" do conhe'cimento androcêntrico, coisa que à academia akademente uniNversitária, objetiva, neutra, imparcial, elegante, pós-moderna e pós-tudo tanto motiva e interessa, cai muito bem para "gigolôs de títulos".

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Para Welzer-Lang (1994) a homofobia é, de fato, a interiorização do sexismo nas relações com os outros: erige fronteiras distintas e estanques entre os gêneros, organiza a discriminação face àqueles que escapam às imagens estereotipadas que se constroem sobre os gêneros, sobretudo quando se pensa que eles, gêneros, são imutáveis. Toma formas diferentes segundo seja praticada em relação a homens ou a mulheres. Nas sociedades onde homens, tanto coletivamente quanto individualmente, dominam as mulheres, o sexismo organiza a dominação das mulheres e a homofobia vem selar a coesão entre os dominantes. Tanto o sexismo quanto a homofobia estruturam o medo de abandonar as atribuições de seu grupo sexual. Para Welzer-Lang (2001) o grupo dos homens é socializado por diferentes estratégias, consideradas “necessárias”. Introduzidos, a partir de certa etapa de vida, na “casa-dos-homens” – expressão de Godelier para se referir às instituições monossexuadas em que as mulheres são excluídas e em que se aprende (ou se reafirmam) os valores da virilidade dominante e os “segredos” que só os iniciados partilham – homens aprendem a dominar, a desprezar os que não acedem a tais espaços e a exercer violência entre si, geralmente sobre os jovens recém-admitidos, até que estes possam provar, pela misoginia e pela homofobia, que também eles fazem parte dos eleitos – como os mais velhos – detentores dos emblemas de virilidade triunfante. Tais instituições – as academias militares, o colégio interno não-misto, o bar, o time de futebol, as torcidas organizadas ... – servem para ritualizar a entrada e a passagem em direção à aceitação. Acedem os que são viris, mas, segundo Welzer-Lang (2001), com altos custos: através de estratégias prévias impondo humilhações, desqualificação intra-gêneros. Antes de auferir o gozo que tal lugar lhes confere, houve previamente sofrimento psíquico e físico. Segundo tal perspectiva, a socialização masculina é marcada pela violência e marcará os psiquismos.

Karin Ellen von Smigay @ Sexismo, homofobia e outras expressões correlatas de violência: desafios para a psicologia política (PDF)

Concreto armado do patriarcado

Na verdade, a partir da família, o poder patriarcal estende seus tentáculos para todo o tecido social e, ele mesmo, não é completa e principalmente determinado no âmbito das relações familiares. O patriarcado é uma relação civil cujo padrão hierárquico está presente em todas as relações e instituições sociais, que se amplifica para o modo como as pessoas vivem sua corporeidade, que se sustenta com base na coerção e no convencimento ideológico e que, por tudo isso, deve possuir uma base material concreta, sem a qual tal poder seria impraticável (Saffioti, 2004; Aguiar, 1997). Qual, então, a base material do patriarcado? Como essa base possibilita a sua manutenção ao longo do tempo histórico sobrevivendo a diferentes modos de produção do passado e do presente[1]?


(Os pólos opostos e complementares, masculino e feminino, e seus indicadores biopsicossociais, são determinados, em última instância, pelas relações econômicas vigentes num determinado modo de produção e por instâncias intermediárias que funcionam como meios de realização da influência econômica e, inversamente, em formas de condicionamento histórico do desenvolvimento das relações de produção e das forças produtivas)

... omissis ...

A figura mostra que sobre a base das interações cotidianas entre homens e mulheres, fundamentais para garantirem a produção e reprodução da vida e dos indivíduos, erguem-se as instâncias nas quais se vive o cotidiano, numa ordem hierárquica, em que o mais imediato – as instâncias mediadoras da família, da classe social, da etnia, das opções políticas e da ideologia –, é sobre-determinado pela instância mais afastada – as relações econômicas que formam a estrutura de uma determinada formação econômica e social.

Milton Barbosa de Almeida Filho @ Pequena Contribuição Metodológica ao Feminismo Emancipacionista (parte 2)

UniNversidade Androcêntrica

O caráter androcêntrico do conhecimento científico pode ser analisado em duas vertentes: a excludente e a inclusiva. A primeira estabelece-se historicamente ao negar-se o acesso à produção, circulação e apropriação do conhecimento científico por parte da metade da humanidade: as mulheres. A segunda vertente, o androcentrismo inclusivo, manifesta-se a partir da incorporação das mulheres nos espaços de produção, circulação e apropriação do conhecimento científico (principalmente na academia), permanecendo, no entanto, a omissão com respeito à condição sexuada do/a sujeito que constrói o conhecimento e das mulheres como objeto de estudo, ou seja, desconhecendo o enfoque de gênero no conteúdo e na metodologia da produção científica.

Silvia Cristina Yannoulas, Adriana Lucila Vallejos e Zulma Viviana Lenarduzzi @ Feminismo e Academia (PDF)